A “revolução” romena
Há quem fale do início de uma revolução na Roménia. Certo, é que pela primeira vez, os cidadãos mostram-se determinados a ir até o fim. O incêndio numa discoteca em Bucareste
fez transbordar os ânimos há muito exaltados. Milhares de pessoas
desfilaram nas ruas da capital com cartazes em que se podia ler “a
corrupção mata.”
A onda de contestação ganhou força e graças às redes sociais estendeu-se a diferentes cidades do país.
A demissão chefe de Governo romeno foi partilhada por milhares de pessoas, em apenas alguns minutos.
Victor Ponta chega à chefia do Governo em 2012. A popularidade e o
carisma do jovem político devolvem à população a esperança. Mas depressa
o otimismo dá lugar à deceção. À ausência de reformas somam-se as
querelas com o antigo chefe de Estado e as acusações de corrupção.
Ponta sobreviveu a vários escândalos. Foi formalmente acusado pela
Direção Nacional Anticorrupção de vários crimes de branqueamento de
capitais, cumplicidade para evasão fiscal de forma continuada e
falsificação de documentos – crimes alegadamente praticados entre 2007 e
2011 – nunca cedeu.
“Acredito que a democracia não se resolve nas ruas pela força. A
democracia funciona através de mecanismos inscritos na Constituição”
refere Ponta.
O primeiro-ministro demissionário negou sempre as acusações e disse
tratar-se de uma campanha de difamação. Nas ruas, os romenos exigiam a
demissão do chefe de Governo, mas não eram os únicos. Em junho, o apelo
foi lançado pelo próprio o chefe de Estado, Klaus Iohannis. O
conservador, oriundo da minoria alemã da Roménia que fez da luta contra a
corrupção um cavalo de batalha.
“Compreendi os sinais dados pelos cidadãos romenos. São sinais fortes para mim e para a classe política” afirma Iohannis.
Há muito que a corrupção está enraizada na Roménia. O tema dominou o
debate sobre a adesão do país à União Europeia em 2004. Bucareste
comprometeu-se a tomar medidas e o combate à corrupção terminou com
centenas de detenções.
Mas a população pedia mais. O incêndio numa discoteca em Bucareste
onde morreram mais de 30 pessoas deu um novo animo a quem há muito pedia
pelo afastamento do homem que ocupava a chefia do governo.
Veja vídeo:
Fonte: